Por que microlearning?
Tornar as coisas cada vez menores é tendência não só na educação, não é verdade?
Os que já viveram um pouco mais como eu vão lembrar que de grama em grama as barras de chocolate foram diminuindo e hoje já são vendidas nas porções 100, 110 e os mais “rechunchudos” 130g.
Então comemos menos chocolate?
Nada disso! Comemos mais.
Veja alguns dados curiosos sobre o mercado de chocolates aqui!
Quando o assunto é informação, a história é parecida. A era digital mudou intensamente nossa relação com o mundo e isso envolve o volume de conteúdo que consumimos.
Hoje consumimos 30 vezes mais conteúdo que consumíamos há 30 anos.
Veja um pouco do histórico do consumo crescente de informação pelos seres-humanos no artigo que explora o livro A mente organizada do neurocientista Daniel J. Levitin.
Então, isso deve significar que nosso cérebro se profissionalizou nisso, certo?
Infelizmente ainda não é bem assim. A geração que está chegando hoje aos 30 anos (prazer, muito obrigada!) sofre de diversas disfunções relacionadas à ansiedade, falta de atenção, hiperativismo, perda de memória, entre outras.
Diante das inúmeras descobertas da neurociência, o marketing arrumou formas de restaurar nossa atenção a todo instante. Os youtubers que não são bobos nem nada, aprenderam com o marketing e aplicam técnicas do mesmo tipo em seus vídeos. Qualquer curso de redação para a mídias sociais que você fizer vai te dizer: conquiste seu leitor nas primeiras linhas.
Será que aumentar os estímulos é mesmo o caminho? Essa é uma pergunta que sempre me faço, mas não encontrei uma resposta convincente ainda.
Essa história toda foi para mostrar que quase tudo na vida é uma faca de dois legumes.
Benefícios do microlearning
Na educação, a forma que encontramos de correr atrás dessa velocidade foi o microlearning.
O menos é mais há anos na moda, e agora o princípio se aplica também à educação. E por um lado, isso é ótimo e vou te contar o porque.
Ao criar blocos de conteúdos que demandam menos tempo de envolvimento do aluno, aumentamos a chances de mantê-lo engajado do início ao fim.
Ensinar tudo que precisa ser ensinado em menos tempo ou com menos palavras ou até com menos recursos desafia o designer instrucional ou educador a focar no que é de fato essencial. Lembra do texto O poder da simplicidade?
Quando alguém sente que aprendeu algo, se dispõe a aprender mais, especialmente se esse alguém for adulto (e um dia podemos aprofundar mais isso).
As pessoas têm cada vez menos tempo e querem ser mais produtivas no tempo que têm. Se o aluno puder começar e acabar a experiência de aprendizagem em qualquer intervalinho, é mais fácil que ele comece. Caso contrário, ele pode achar que nunca é o momento adequado.
Ai, que maravilhoso, Luy! Quero só fazer microlearning a minha vida inteira.
Pe-peraí. Lembra da faca de dois legumes?
Surra de porquês
Nem toda tendência favorece todo mundo e nem tudo que parece bom realmente é, existem efeitos colaterais. Se prepara para a surra de onde vivem os porquês mais importante desse texto.
Na hora de optar entre um curso tradicional e pílulas de aprendizagem (nome também usado para o microlearning), você deve se questionar e ir além dos porquês mais óbvios que listei acima.
O assunto pode (realmente) ser dividido em pequenas pílulas mas se mantendo completo – com início, meio e fim – ou você não está apenas querendo picotar um conteúdo grande em partes menores e no fim a experiência educacional terá o mesmo tempo/tamanho?
O contexto em que os alunos irão consumir o curso é de pequenos intervalos ou eles irão se dedicar por longos intervalos de tempo?
A plataforma que o curso será disponibilizado é multi-tela, ou seja, o aluno pode acessar o curso do computador de casa ou do seu celular ou até do tablet de um amigo e manter o histórico do seu curso?
Criar uma nanodegree (modalidade micro da educação para o nível superior) não vai apenas formar alguém de maneira rasa? É disso mesmo que o cliente precisa?
Se você souber responder a essas perguntas você começará a encontrar o caminho e os porquês de escolher uma coisa ou outra. Não era para ser uma fábula, mas quero terminar com uma moral essa história:
E fim!
O próximo capítulo será sobre vídeos: porque usar vídeos? Na sua hora de dizer os porquês, qual o seu argumento, que critérios você usa? Compartilha com a gente.
Escrito por LUYANE REINALDO
No menu degustação da vida!