Fazer, Ser

O poder da simplicidade

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Quando comecei a decidir sobre o tema desse primeiro texto, me veio tanta coisa à cabeça que por um momento não consegui simplificar minha escolha. Tantas possibilidades surgiram em tão pouco tempo que precisei parar e organizar as ideias – foi inconsciente, mas aconteceu.

Estamos expostos a uma enxurrada de assuntos diariamente. Há muito o que dizer e nem sempre paramos para ouvir ou entender o que acontece ao nosso redor.

A velocidade e a quantidade de informações que recebemos a todo momento assustam e, muitas vezes, nos fazem complicar ainda mais nossa rotina e nossas ações, sejam elas relacionadas aos afazeres diários ou a nossa vida profissional. E envolvida por essas sensações, é sobre simplicidade que eu quero falar.

Antes de começar a abordar esse tema tão amplo, é preciso entender que simples é diferente de simplista e algo difícil nem sempre está relacionado à alta exigência, pode ser difícil só porque foi mal executado mesmo.

A verdade é que independentemente da área de atuação, a simplicidade parece mesmo ser imprescindível para facilitar um processo, fazer uma entrega de alta qualidade ou mesmo para conseguir um melhor aproveitamento do dia a dia.

Parece fácil? Mas será que é simples assim?

Trazendo essa reflexão para a área do design instrucional, podemos dizer que a simplicidade está incrustada em tudo o que fazemos. Planejamos, estruturamos, definimos rotas e roteirizamos com o intuito de facilitar o aprendizado do aluno. O objetivo de aprendizagem é a nossa meta e não poupamos esforços e recursos para fazê-lo chegar lá de forma simples e consistente.

É nosso papel traduzir e dar forma a um tema que deverá ser aprendido sem esquecer que uma boa estratégia educacional exige um olho no embasamento metodológico e o outro na empatia para proporcionar a melhor experiência ao aluno.

Para fundamentar ainda mais essas reflexões, queria “trazer” para conversa trechos de um livro que fala sobre a simplicidade de uma forma tão profunda, que encontra conexões com diversas realidades. No livro “As leis da simplicidade”, o professor e pesquisador do MIT John Maeda apresenta 10 leis a respeito da simplicidade construídas após inúmeras conversas com profissionais das mais diferentes áreas.

O livro todo vale a pena (É dica, viu. Pode procurar) e por isso queria propor um debate sobre a convergência delas com o design instrucional, as áreas ligadas à tecnologia e à educação como um todo.

Lei 1

Reduzir: a forma mais simples de alcançar a simplicidade é por meio de uma redução conscienciosa.

Qual é o equilíbrio entre a simplicidade e a complexidade. Até que ponto você pode simplificar? Até que ponto tem que ser complexo?

Lei 2

Organizar: a organização faz com que um sistema de muitos pareça de poucos.

O primeiro ponto é definir “o que vai com o que” e dessa forma selecionar, integrar, rotular, integrar e priorizar.

Lei 3

Tempo: economia de tempo transmite simplicidade.

Economizar tempo, é dessa forma que acontece a permuta entre o quantitativamente rápido versus o qualitativamente rápido.

Lei 4

Aprender: o conhecimento torna tudo mais simples.

A aprendizagem tem mais sucesso quando existe um desejo de se alcançar um conhecimento específico.

Lei 5

Diferenças: simplicidade e complexidade necessitam uma da outra.

Quanto mais complexidade houver no mercado, mais o simples se destaca.

Lei 6

Contexto: o que reside na periferia da simplicidade é definitivamente não-periférico.

Aquilo que parece ser de relevância imediata pode não ser tão importante quando comparado a tudo ao nosso redor.

Lei 7

Emoção: mais emoções é melhor que menos.

Quando as emoções são consideradas superiores a qualquer outra coisa não tenha receio de acrescentar mais ornamentos ou camadas de sentido.

Lei 8

Confiança: na simplicidade nós confiamos.

Quanto você precisa saber sobre um sistema? Quanto o sistema sabe sobre você? De um lado necessita-se do esforço para aprender e dominar o sistema, do outro deve-se depositar a confiança no sistema e essa confiança deve ser recompensada de forma consistente.

Lei 9

Fracasso: algumas coisas nunca podem ser simples.

Saber que podemos fugir da simplicidade em certos casos é uma oportunidade de fazer uso mais construtivo do seu tempo no futuro, em vez de perseguir uma meta aparentemente impossível.

Lei 10

A única: a simplicidade consiste em subtrair o óbvio e acrescentar o significativo.

A simplicidade é irremediavelmente sutil e muitas de suas características definidoras encontram-se implícitas.

 

Em maior ou menor grau, em todas as leis eu encontro convergência com a minha atuação como designer instrucional, mas de todas a que mais me marcou foi a Lei 4 – Aprender: o conhecimento torna tudo mais simples. Parece óbvio, né? Mas sinto que aquilo que está claro acaba se tornando o ponto mais esquecido, pois a certeza, muitas vezes, nos faz acreditar que já contemplamos algo espontaneamente.

“O conhecimento torna tudo mais simples” virou uma espécie de lema para mim, pois quando dou início a um projeto, sinto que está nas minhas mãos explicar, ensinar, transformar um conteúdo ou porque não alguém. E é bem simples para mim entender o tamanho dessa responsabilidade.

E você: algumas dessas leis convergem com a sua atuação? Compartilha com a gente.

Escrito por
Fernanda Gaona

Escolhi o jornalismo porque gostava de escrever, descobri na faculdade que minha praia era mesmo a fotografia e por um alinhamento de planetas (ou vontade de experimentar) fui parar na área de educação. Escrevo para não engasgar. Fotografo para me inspirar. Respiro novas formas de aprender para ressignificar. Ou você achou que essas voltas na carreira eram só por puro capricho?

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